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O Regresso do Há Filmes Na Baixa! 2018

por Porto/Post/Doc / 01 02 2018


Em 2018 celebramos o quinto aniversário do "Há Filmes Na Baixa!",  a programação regular do Porto/Post/Doc. Ver, e até rever, filmes na baixa do Porto é hoje uma realidade que pretendemos atualizar continuamente através da realização de ciclos de cinema mensais, apostando, como sempre, em imagens outras, em cinematografias subexpostas, que saem do escuro para a tela do Cinema Passos Manuel. Conciliando a exibição de novas produções com a história do cinema, os filmes serão programados sob uma temática mensal.

 O primeiro ciclo do ano, com início marcado para o final de fevereiro, retoma dois documentários exibidos no festival Porto/Post/Doc: Meteors, de Gürcan Keltek, e Taste of Cement, de Ziad Kalthoum, ambos multipremiados internacionalmente. Filmes de guerra, longe dos convencionais, em que a sensibilidade expressiva de cada um dos realizadores convoca o espectador para lá do retrato dos conflitos armados (curdo-turco e sírio, respetivamente) enquanto acontecimentos políticos e sociais. Olhares-ensaios íntimos e violentos, mas nunca pornográficos.

E se Meteors venceu o Grande Prémio by Vinhos Verdes, Taste of Cement arrecadou o Prémio Biberstein Gusmão para melhor realizador emergente. Além de premiados no Porto/Post/Doc, ambos os filmes têm conquistado exibições e menções no circuito europeu de festivais, nomeadamente em Locarno, IFFR – Roterdão e no Visions du Reél. As sessões HFNB! serão uma oportunidade única para ver ou rever estes dois documentários em sala de cinema.                                                                                                 

Ciclo #01.2018 "O Regresso do Há Filmes Na Baixa!"
22h, Cinema Passos Manuel

27 e 28 de fevereiro
Taste of Cement, de Ziad Kalthoum
2017, DEU, LBN, ARE, QAT, 85', M12

Fugindo da guerra e da pobreza, alguns refugiados sírios encontram trabalho num Líbano agora mais pacificado e à procura de mão-de-obra para reestruturar a sua malha urbana. Durante o dia, esses homens ajudam a levantar um arranha-céus em Beirute, e, à noite, impedidos pelo governo libanês de circular pela cidade, descem ao subsolo do edifício ainda em esqueleto, onde ensaiam, entre vigas e poças de água, o simulacro possível de uma vida doméstica que, no fundo, lhes é negada dos dois lados da fronteira. Apesar de marcado por um certo pendor poético, o filme empresta uma dimensão quase física ao sofrimento daqueles homens, forçados, pela natureza do ofício que exercem, a um confronto diário com a memória das suas casas destruídas. (Daniel Marques Pinto)

7 e 8 de março
Meteors, de Gürcan Keltek
2017, NLD, TUR, 84', M12

À noite tudo se materializa num contraste: escuridão e luz. Que existência nos resta quando o que conhecíamos nos é retirado? Em que nos transformamos quando pessoas, lugares e coisas se tornam memórias? O conflito curdo-turco é reacendido no final do verão de 2015. A Turquia realizou a maior operação militar da história do sudeste do país. No entanto, não houve cobertura mediática nem relatórios oficiais sobre as operações, apenas os registos vídeo e fotográficos dos habitantes daquela região... e as suas memórias. A guerra é agente metamorfoseador das cidades, paisagem e sentimentos, confessados na primeira pessoa pela narradora. Numa noite, uma chuva de meteoros faz parar o conflito. Intervenção cósmica, divina? A natureza continua o seu curso, mas o cinema e as palavras não deixarão esquecer o que aconteceu. (Carolina Rufino)


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