Quando me foi feito convite para integrar, como curador, o programa de homenagem aos 50 anos do Hip Hop do Porto/Post/Doc, soube, de imediato, o que queria focar. Entendo o Hip Hop como algo bem maior do que apenas um género musical. É um fenómeno cultural de raiz urbana, dinâmico e em constante transformação, que abarca inúmeras disciplinas e cujas ramificações se estendem a várias esferas da nossa sociedade atual (arte, moda, publicidade, cinema, etc.). Tentei que esta riqueza, diversidade e dinamismo próprios da cultura Hip Hop estivesse bem representados nos títulos que escolhi para integrar este programa. Ao longo de cinco décadas,acumulámos um grande número de produções documentais, e não há dúvidas que se poderiam construir outras listas de títulos igualmente válidas. Compilei nesta secção alguns documentários que podem ser considerados canónicos (Style Wars de Tony Silver) e produções novas que cobrem muitas facetas desta cultura. O papel fundamental da rádio independente na difusão do Hip Hop desde a sua origem (Stretch and Bobbito: Radio That Changed Lives, de Bobbito Garcia), a importância da samplagem e a construção do beat, entendido como a pulsação constante sem a qual este organismo não poderia existir, o cruzamento entre a rua e o romantismo R&B e a referência a um dos melhores álbuns da história do género (Nas. Time is Illmatic, de One9). Também quis adicionar a esta lista um olhar contemporâneo sobre as novas encarnações do género (trap) com um excelente documentário centrado na malograda figura de Lil Peep, produzido por Terrence Malik (Lil Peep. Everybody’s Everything, de Sebastian Jones, Ramez Silyan).
Estes e mais alguns dos títulos que considero de visionamento obrigatório para qualquer amante da cultura Hip Hop, entram nesta seleção especial feita a pensar no Porto/Post/Doc. Espero que desfrutem deles tanto como eu desfrutei da primeira vez que os vi. Encontramo-nos no cinema!
Guille de Juan