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Formalmente arrebatador, Kamagasaki Cauldron War é um retrato autêntico, démodé e bem-humorado da sociedade nipónica, com todas as suas singularidades. Talvez também por isso, o estilo do realizador, Leo Sato, capta algumas das tradições artísticas nipónicas, como a própria fotografia do filme, rodado em 16 mm, e que evoca constantemente o elogio da sombra, tal como o teatro nô. Se o anterior filme de Sato documentava a vida deste bairro operário em Osaka, Kamagasaki Cauldron War é uma ficção do real, com os habitantes a tornarem-se actores de uma narrativa satírico-cómica sobre a sua própria luta contra a opressão. Já não são as prostitutas de Mizoguchi em A Rua da Vergonha, mas Sato revisita esse imaginário num olhar perspicaz sobre o Japão contemporâneo. (Alexandra João Martins)