Confirmando o enorme talento demonstrado em Exotica, Erotica, Etc., que a realizadora grega Evangelia Kranioti apresentou no Porto/Post/Doc 2016, chega-nos agora uma reflexão poética sobre a solidão, a transsexualidade e a vida em comunidade. Mergulhando no Carnaval do Rio de Janeiro, Obscuro Barroco segue as pisadas da activista dos direitos humanos e ícone trans-género Luana Muniz, que morreu em Maio de 2017 vítima de uma paragem cardio-respiratória e que ficou famosa pela expressão “travesti não é bagunça”. Luana Muniz prova que o Brasil é tudo aquilo que os cínicos fanáticos não querem que seja. Colorido e alegremente triste, o filme relembra Água Viva, o romance de Clarice Lispector, desenhando o retrato de uma mudança anunciada, mas sempre travada. (César Nobrega)