No panorama dos filmes que integram a programação do Porto/Post/Doc 2024, destacam-se três filmes que iluminam questões históricas de resistência e justiça, bem como visões sobre futuros possíveis. Cada obra, à sua maneira, lança uma nova luz sobre momentos de luta que ecoam até aos dias de hoje, seja na busca pela liberdade política, identidade ou autodeterminação.
Sempre, de Luciana Fina, é um documentário profundamente enraizado na Revolução dos Cravos em Portugal. Cinquenta anos após a queda da ditadura, Fina revisita as imagens da época, conectando o espectador à luta contra o regime de Salazar e às aspirações do país na construção de um futuro emancipado. O filme percorre desde os anos de repressão salazarista até ao PREC, capturando o espírito de transformação e os desafios da descolonização, revelando o poder do cinema de não só registar a história, mas de intervir nela. Em exibição nos dias 24 e 25 de novembro, np Batalha Centro de Cinema (16:30) e Passos Manuel (17:30), respetivamente.
Em Slimane, do realizador Carlos Pereira, a narrativa desloca-se para a Alemanha num futuro próximo, onde a marginalização das pessoas queer se intensifica. Omar, recém-libertado da prisão, encontra-se num mundo em ruínas, onde o medo ameaça sufocar qualquer esperança. É um filme de ficção, mas a luta de Omar ecoa a resistência das comunidades marginalizadas ao longo da história. Slimane capta o espírito de sobrevivência num cenário de opressão, um tributo às lutas que continuam a ser travadas por justiça e aceitação. Em exibição no dia 26 de novembro, pelas 15:15, no Passos Manuel.
Por fim, Soundtrack to a Coup d’Etat, de Johan Grimonprez, explora a interseção entre jazz e descolonização, revisitando a Guerra Fria para destacar o papel da música na resistência ao colonialismo. O documentário acompanha a invasão do Conselho de Segurança da ONU pelos músicos Abbey Lincoln e Max Roach, em protesto contra o assassinato do líder congolês Patrice Lumumba. Este acto de coragem lança um olhar crítico sobre as raízes do neocolonialismo e a luta contínua pela autodeterminação africana, questionando a narrativa oficial da história. Em exibição nos dias 24 e 27 de novembro, no Passos Manuel (21:30) e Batalha Centro de Cinema (21:15), respectivamente.
Centrado no cinema documental e com uma programação de mais de 60 filmes oriundos de diversos espaços do globo, o Porto/Post/Doc regressa à cidade invicta entre os dias 22 e 30 de novembro. Mais informações sobre a programação e bilhetes em www.portopostdoc.com.
