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Cinema Falado 2021

por Porto/Post/Doc / 18 10 2021


Quatorze filmes para conhecer novas realidades do cinema falado em português

Um total de 14 filmes integram a selecção oficial da secção Cinema Falado, dedicada exclusivamente a promover e divulgar a língua portuguesa em toda a sua diversidade, bem como as cinematografias dos vários países de língua portuguesa. Destaque aos regressos de Lois Patiño, Matías Piñeiro e Eryk Rocha, às novas propostas de Salomé Lamas, Susana Nobre e Welket Bungué, e as descobertas do novo brasileiro, como Madiano Marcheti e Luiz Bolognesi.

Matías Piñeiro e Lois Patiño, uma combinação improvável. Do argentino conhecemos as comédias shakespearianas feministas, do galego as deambulações fantasmagóricas pela paisagem. Para este encontro escolheram um meio caminho, os Açores e por lá rodaram, Sycorax, um filme que parte de A Tempestade, de Shakespeare. Estreia nacional no Porto/Post/Doc e regresso ao festival de dois nomes que têm sido queridos à selecção do festival. Regresso também para Eryk Rocha a quem foi dedicado um foco na edição de 2016). Em Edna, um filme tecido a partir dos relatos da própria no caderno que intitulou A História de Minha Vida, o realizador brasileiro desenvolve uma narrativa híbrida que se inspira no diário de Edna e reencena os fantasmas do colonialismo (passado e presente). E se de Brasil falamos aqui, destaque a uma das suas novas vozes, Madiano Marcheti, que no seu Madalena nos entrega um filme que impressiona pela narrativa de ausência, a tocar na ferida da transexualidade e da violência de género. Um discurso de presente que marca também a estreia em festivais nacionais de Maíra Tristão, realizadora, artista e investigadora feminista e de questões de género, comTransviar, um filme sobre o romper das regras. Imenso território, físico, histórico e social, o Brasil indígena é a personagem central de A Última Floresta, longa metragem de Luiz Bolognesi. Integrada também no programa temático Ideias para Adiar o Fim do Mundo, a longa acompanha o líder indígena Davi Kopenawa, dos Yanomami, traçando um retrato sobre a cultura e a língua deste povo, no momento em que a Amazónia está a saque de garimpeiros.

Cinema de sensibilidades e do real, é também o que encontramos no novo trabalho de Susana Nobre, No Táxi Do Jack, um road-movie sobre as condições do trabalho em Portugal, conduzido pelo sexagenário Joaquim Calçada, um ex-emigrante perto da reforma que se vê obrigado a cumprir as regras e burocracias exigidas pelo centro de emprego, para usufruir do subsídio. Nome incontestável também na nova cinematografia portuguesa, Salomé Lamas volta, em Hotel Royal, a guiarmos pela idiossincrática forma com que analisa o mundo, num filme em que volta a explorar o tema do contacto humano e da nossa necessidade de convivência. Também presença assídua em festivais por todo o país, Welket Bungué encontra-se, em Upheaval, com a política Joacine Katar Moreira, numa conversa-análise em torno da essência dos seus trabalhos que deixa ecoar sinais de uma revolução iminente. Uma que urge fazer no Porto filmado por Tiago Afonso em Distopia. Ao longo de treze anos, de 2007 a 2020, o filme acompanha a mudança no tecido social da cidade, por entre demolições, expulsões e realojamentos que afetaram a comunidade cigana do Bacelo, a população do Bairro do Aleixo e os vendedores da Feira da Vandoma. Finalizar com uma palavra especial para Sortes, de Mónica Martins Nunes, um filme rodado no Alentejo, que traça um olhar sobre a família da realizadora, num registo que assenta em duas das mais importantes premissas do cinema do real: as pessoas e a paisagem.

A competição integra ainda filmes de Ana Vaz, Silas Tiny, Emily Wardill e Daniel Soares.

SELEÇÃO CINEMA FALADO:

· 13 Ways of Looking at a Blackbird, Ana Vaz, Portugal, 2020, EXP, 31'
· A Última Floresta, Luiz Bolognesi, Brasil, 2021, DOC, 74'
· Constelações Do Equador, Silas Tiny, Portugal, São Tomé and Príncipe, 2021, DOC, 106'
· Distopia, Tiago Afonso, Portugal, 2021, DOC, 61'
· Edna, Eryk Rocha, Brasil, 2021, DOC, 64'
· Hotel Royal, Salomé Lamas, Portugal, 2021 , FIC, 29'
· Madalena, Madiano Marcheti, Brasil, 2021, FIC, 85'
· Mudança, Welket Bungué, Portugal, 2020, DOC, 27'
· Night for Day, Emily Wardill, Portugal, Áustria, 2020, DOC, FIC, 47'
· No Táxi Do Jack, Susana Nobre, Portugal, 2021, FIC, 70'
· O Que Resta, Daniel Soares, Portugal, 20'
· Sortes, Mónica Martins Nunes, Portugal, 2021, DOC, 39'
· Sycorax, Lois Patiño, Matías Piñeiro, Espanha, Portugal, 2021, FIC, 21'
· Transviar, Maíra Tristão, Brasil, 2021, 13'


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