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No início, as nuvens parecem mover-se à volta do Monte Fuji. Mas também em La Jetée, de Chris Marker, havia movimento: Ascent é um ensaio visual que utiliza apenas fotografias (são mais de 4000), todas elas desta misteriosa montanha-vulcão, objeto de obsessão da realizadora. Sobre estas imagens, Fiona Tan tece uma trama poética repleta de histórias e ambientes sonoros, misturando diferentes tempos e géneros, documentário e ficção, pensamento filosófico e lendas japonesas, memória íntima ou coletiva e cultural. Quanto à dita ascensão, fazemo-la ao som de duas vozes: a dela e a do seu falecido amante japonês, que se aproximam e afastam como se de uma dança se tratasse, nunca se abraçando num mesmo tempo ou espaço, nem nunca revelando na completude a sua história de amor. Neste filme verdadeiramente impressionante, caminhos inesperados abrem-se a cada fragmento e na subida intuímos que esta montanha, símbolo incondicional do país do sol nascente, possui uma certa intangibilidade difícil de explicar. Se por um lado ela é ubíqua, pois repousa ao fundo em todas as fotografias japonesas, a sua essência parece sempre inalcançável. (Lídia Queirós)