ESTREIA NACIONAL
Algures nos confins da China contemporânea, as montanhas estão a ser destruídas para a produção de aço. A escala é gigantesca, quase não parece humana, e isso contrasta com o labor paciente de milhares de trabalhadores que, face ao trabalho árduo, mantêm diversos sinais de terror: um rosto coberto de pó, um pulmão condenado à destruição. Para Zhao Liang, há qualquer coisa de errado: o ser humano já não parece ser quem é, mas um resquício de uma civilização antiga e destruída. "Behemoth" aparenta ser, a espaços, um filme de ficção científica, uma espécie de distopia com os seus zombies e cidades desertas. É precisamente no culminar do filme que Liang nos mostra a evidência: no final deste ciclo de “crescimento e evolução” restam prédios a perder de vista e todos eles vazios. Por isso mesmo, este é um filme, ao mesmo tempo, poético e aterrador. (Daniel Ribas)